Naquele tempo,
as multidões perguntavam a João:
“Que devemos fazer?”
João respondia:
“Quem tiver duas túnicas, dê uma a quem não tem;
e quem tiver comida, faça o mesmo!”
Foram também para o batismo cobradores de impostos,
e perguntaram a João:
“Mestre, que devemos fazer?”
João respondeu:
“Não cobreis mais do que foi estabelecido”.
Havia também soldados que perguntavam:
“E nós, que devemos fazer?”
João respondia:
“Não tomeis à força dinheiro de ninguém,
nem façais falsas acusações;
ficai satisfeitos com o vosso salário!”
O povo estava na expectativa
e todos se perguntavam no seu íntimo
se João não seria o Messias.
Por isso, João declarou a todos:
“Eu vos batizo com água,
mas virá aquele que é mais forte do que eu.
Eu não sou digno
de desamarrar a correia de suas sandálias.
Ele vos batizará no Espírito Santo e no fogo.
Ele virá com a pá na mão:
vai limpar sua eira e recolher o trigo no celeiro;
mas a palha ele a queimará no fogo que não se apaga”.
E ainda de muitos outros modos,
João anunciava ao povo a Boa-Nova.
Esta declaração, este testemunho, revela o espírito de serviço de João. Ele tinha sido enviado para preparar o caminho ao Messias e tinha-o feito sem se poupar. Humanamente falando, poder-se-ia pensar que lhe seria reconhecido um “prémio”, um lugar relevante na vida pública de Jesus. Mas não. João faz assim: coloca os seus discípulos nas pegadas de Jesus. Ele não está interessado em ter um séquito para si. Irmãos, irmãs, procuremos perguntar-nos: somos capazes de deixar espaço aos outros? De os ouvir, de os deixar livres, de não os ligar a nós pretendendo reconhecimentos? Inclusive de os deixar falar, às vezes. Não dizer: “Mas não sabes nada!”. Deixar falar, dar espaço aos outros. Atraímos os outros para Jesus ou para nós mesmos? E ainda, seguindo o exemplo de João: sabemos como nos regozijar que as pessoas empreendam o próprio caminho e sigam a sua chamada, mesmo que isso signifique um pouco de desapego de nós? Regozijamo-nos com as suas realizações, com sinceridade e sem inveja? Isto significa deixar que os outros cresçam. (Angelus de 15 de janeiro de 2023)
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