Silvestre nasceu de uma mãe chamada Justa, de nome e de fato, e foi instruído pelo presbítero Ciriano, que lhe ensinou a praticar a hospitalidade com grande zelo. Assim, ele recebeu em sua casa um homem muito cristão, chamado Timóteo, que todos evitavam por causa da perseguição que sofria. Esse Timóteo ali ficou um ano e três meses até obter a coroa do martírio por anunciar com zelo perseverante a fé em Cristo. O prefeito Tarquínio, pensando que Timóteo era rico, exigiu com ameaças de morte que Silvestre entregasse os supostos bens do amigo.
Frustrado por ver que Timóteo não possuía riquezas, mandou que Silvestre sacrificasse aos ídolos, senão iria, no dia seguinte, passar por diversos gêneros de suplícios. Silvestre então lhe disse: “Insensato, você morrerá esta noite, depois sofrerá tormentos eternos e assim, quer queira, quer não, reconhecerá o verdadeiro Deus que adoramos”. Silvestre foi levado preso e Tarquínio foi convidado a um jantar. Ao comer, ele ficou engasgado com uma espinha de peixe que não conseguiu nem expelir nem engolir. Ele morreu à meia-noite, e Silvestre, que era amado tanto pelos cristãos quanto pelos pagãos, foi libertado para grande alegria de todos.
A Igreja deixou de sofrer as sanguinárias perseguições e saiu da clandestinidade, no século IV, sob o império do imperador bizantino Constantino, que se converteu à fé em Cristo. Desse modo, o cristianismo se expandiu livremente, tendo no comando da Igreja um papa à altura para estruturá-lo como uma organização eclesiástica duradoura. Era Silvestre I, um romano eleito em 314. Tanto assim que sobreviveu a muitas outras turbulências para chegar, triunfante, ao terceiro milênio.
Embora o imperador Constantino tenha deixado florescer a semente plantada pelos apóstolos de Jesus, após anos de perseguições e ter feito tantos mártires, o cristianismo ainda não estava em completa paz. Até o imperador convertido foi convocado para ajudar a manter a paz da Igreja, e ele obedeceu ao papa Silvestre I. Quando irrompeu o cisma na África, o imperador usou sua autoridade para manter a paz, inclusive para o Império. Além disso, foi orientado a ser o autor da convocação do Concílio de Nicéia, o primeiro da Igreja, em 325, no qual a Igreja de Roma saiu vencedora, aprovando o credo contra a heresia ariana.
Tudo isso acontecia com o papa Silvestre I já bem idoso. Como não aguentaria a viagem, mandou representantes à altura para que a Igreja se firmasse no encontro: o bispo Ósio, de Córdoba, e mais dois sacerdotes assessores. Como havia harmonia entre o papa e Constantino, a Igreja conseguir bons resultados também no sínodo. Recebeu um forte apoio financeiro para a construção de valiosos edifícios eclesiásticos, que também marcaram o governo desse papa.
A construção mais importante, sem dúvida, foi a basílica em honra de são Pedro, no monte Vaticano, em Roma. O local era um antigo cemitério pagão, o que fez aumentar muito a importância e o significado de a construção dedicada a Pedro ter sido feita ali. Quem descobriu isso foi o papa Pio XII, comandando escavações no local em 1939. Outra foi a Basílica de São Paulo Extra-Muro, e também a dedicada a são João, em Roma.
Também por causa de Silvestre, Constantino patrocinou à Igreja um ato histórico e de muita relevância para a humanidade e o catolicismo: doou seu próprio palácio Lateralense, para servir de moradia para os papas, e toda a cidade de Roma e algumas outras vizinhas para a Igreja. Mas esses atos não ocorreram porque Constantino tinha-se convertido ou por interferência de sua mãe Helena: o grande mérito se deve ao trabalho do papa Silvestre I.
Quanto ao papa São Silvestre I, morreu em 335, depois de ter permanecido no trono de Pedro durante vinte e um anos, e produzido tantos e bons frutos para o cristianismo. No ano seguinte ao da sua morte, começou a ser dedicada a são Silvestre uma festa no dia 31 de dezembro, enquanto, no Oriente, ele é celebrado dois dias depois.
A Igreja também celebra hoje a memória dos santos: Catarina Labouré e Melânia.